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26 de abr. de 2010

Andrea

Foi amor à primeira vista. Muito tempo se passou, mas cada vez que eu lembro daquele momento tenho certeza que foi amor à primeira vista. Na minha memória degradada pelo álcool, ainda estão nítidas as imagens: a roupa que ela usava, o brinco que ornava a sua orelha, a aliança que marcava seu dedo anelar esquerdo. Os cabelos curtos, mostravam uma nuca tímida, contrariando o sorriso fácil e as mãos gesticulantes.
Linda. Linda de morrer.
Isso foi em meados de 1991, numa passagem relâmpago àquela cidade que eu nunca tinha ido. Eu estava aborrecido, briguei na empresa, tentei empurrar pra outro, mas não teve jeito e fui.
Fui para amar Andrea à primeira vista. Coisa de destino, só pode.
Ela nem percebeu minha presença, tinha uma alegria sofisticada e era popular. Um jeito de menina e o olhar mais penetrante que já encontrei nessa vida. Eu era apenas mais um babão, cuja a baba não a fazia escorregar, olhar pra trás ou mudar um milímetro de seus passos retilíneos e sensuais.
Acompanhei-a de longe por quase três anos, mais de mil e trezentos quilomêtros longe, mais de mil dias longe.
Aí,  num sábado de sol, pleno verão carioca, me contaram que ela estava bem perto e já não ostentava nenhuma aliança.
Numa época em que internet era coisa de ficção científica, achar uma mulher numa cidade do tamanho do Rio de Janeiro, tendo apenas o nome, o sobrenome e um tel fixo desatualizado...
é coisa pra McGiver.
Eu a achei. Tinha um ar menos esfuziante, carregava nos olhos penetrantes, uma tristeza e uma maturidade que eu não reconhecia, mas meu sentimento estava na validade e eu fui à luta. Eu tinha que fazer aquele sorriso se iluminar de novo, muitas vezes. No final das contas, foi ele quem me iluminou.
Andrea foi a primeira mulher que me fez querer voltar pra casa todos os dias e fazer planos, fazer contas e fazer filhos. A gente se ensinou um monte de coisas, rimos, choramos, brigamos e fizemos sexo impecável e pecável centenas de vezes.  Eu perdi a conta de quantos momentos quis reviver com ela, quando não dava mais.
Essa é a minha homenagem a uma mulher intensa, fêmea completa, corpo perfeito, inteligência acima da média e uma generosidade que poucas vezes vi em alguém.
Andrea é a saudade mais bonita desse meu coração vagabundo e bobo, que deixou ir embora,  o único amor à primeira vista que lhe aconteceu.

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